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Iniciativa produtiva: compostagem e horticultura comunitárias
Revolução dos Baldinhos
Florianópolis

  A iniciativa em andamento no Bairro Chico Mendes, em Florianópolis, recolhe mensalmente, de 100 famílias locais, cerca de 10 toneladas de lixo orgânico e as leva para serem compostadas na área livre nos fundos de uma Escola Municipal. Depois o adubo pronto é distribuído às famílias que colaboraram para a sua produção.
  Como, no sistema convencional, a prefeitura paga R$ 180,00 por tonelada de lixo conduzida para o "aterro sanitário", a comunidade está pleiteando o pagamento de R$ 1.800,00 mensais, quantia relevante para tornar o sistema auto-suficiente financeiramente, pagando os agentes e e ampliando ainda mais a operação.
  Além do aspecto financeiro, reforçado pela viabilidade de vender parte do húmus produzido, este sistema reduz a quantidade de lixo transportado para o "aterro controlado" da metrópole e o trânsito de caminhões na área, evita a emissão de poluentes e CO2, elimina focos de vetores no bairro, estimula a produção local de alimentos (fortalecendo a segurança alimentar e a economia doméstica), enriquece a biodiversidade local e estimula a coesão comunitária.
LEIA MAIS: Respostas do agrõnomo Marcos Abreu, mentor às perguntas sobre a Revolução dos Baldinhos feitas no Seminário sobre Compostagem Urbana na Cidade de São Paulo , em agosto de 2012,  

http://www.youtube.com/watch?v=NlFFmO-xkBI (Vídeo)




Acima, voluntários e moradores ao redor do carrinho
usado para recolher o lixo orgânico na comunidade.
Ao lado, moradora entrega seu lixo orgânico a João, bolsista do projeto.
Cada moradia é visitada duas vezes por semana, para a retirada do lixo em bombonas de 50 litros.


Acima, bolsista recebe o lixo fornecido por uma moradora.
Cada família fornece cerca de 10kg por mês, aproximadamente 2kg por semana, ou pouco mais de 1kg a cada visita.


Abaixo, o lixo recolhido nas bombonas é disposto na leira "da vez", onde será compostado juntamente com palhas, bagaço de cana, serragem etc. A área de compostagem situa-se nos fundos da área livre de uma escola.

Abaixo, o composto pronto para ser usado, após cerca de 5 meses, o lixo transformado em húmus de alta qualidade. 
Mais atrás, compostos em processo de maturação.

Na foto acima à direita,, o agrônomo Marquito, do Cepagro, e as agentes comunitárias Eunice Brasil Vieira e Rose Helena Rodrigues verificam o húmus pronto para ser utilizado na fertilização dos terrenos, canteiros e vasos da comunidade.



A iniciativa "Revolução dos Baldinhos" também promove reuniões com os moradores para avaliação do processo, capacitação e confraternização em um ambiente natural produtivo e educacional.

Ao lado e abaixo, prática didática de compostagem usando o processo desenvolvido pelo CEAGRO

Respostas de Marcos Abreu às perguntas que lhe foram feitas
no
Seminário sobre Compostagem Urbana na Cidade de São Paulo (10/08/2012)
Como funciona o Ponto de entrega Voluntário? Não causa mau cheiro?  Fica por quanto tempo. quem coloca os seus resíduos nas bombonas e quem cuida?

O Projeto Revolução dos Baldinhos conta hoje com a participação voluntária de 200 familias que destinam seus resíduos orgânicos ao Ponto de Engrega Voluntária (PEV), em baldinhos, pratos, panelas, potes e até mesmo em sacolinhas. Nos PEVs temos bombonas de 50 litros, com boca larga e  tampa fácil de abrir e fechar. Estes PEVs ficam espalhados na comunidade, na frente das casas, encostados nos muros, nos postes, nas esquinas, etc.   São cuidadas pelas famílias, todos se responsabilizam. Até hoje só uma bombona, que  não fica amarrada nem trancada, desapareceu. Algumas ficam dentro dos quintais, mas no dia da coleta a família coloca pra fora .

Neste momento estou fazendo a pesquisa do mestrado, entrevistando as 200 famílias com o objetivo de encontrar os pontos que caracterizam este modelo como “gestão comunitário de resíduos”. Numa das entrevistas se pergunta sobre o mau cheiro. Até agora realizamos 100 entrevistas e nenhuma família reclamou! O resultado do mestrado é ter este modelo sistematizado e será produzida uma cartilha que vou disponibilizar para o grupo.

Todas as terças e sextas-feiras pela manhã passa uma Kia da COMCAP com uma das jovens do grupo da Revolução dos Baldinhos recolhendo estas bombonas. Hoje são 45 PEVs, em cada coleta temos de 50 até 60 bombonas. Neste sistema, quando passa o carro coletando as bombonas cheias já deixam uma vazia no local da bombona retirada. Depois as bombonas vazias vão para a compostagem, são viradas, lavadas e guardadas para a próxima coleta. Recolhemos aproximadamente 15 toneladas por mês destas 200 familias e de 10 unidades escolares. por coleta tiramos meia sacolinha de outros resíduos como plásticos e embalagens, uma proporção muito pequena de misturas.

Este sucesso é graças a forte participação comunitária, por isso é um modelo de gestão comunitária de resíduos. Há 1 ano atrás a coleta era realizada manualmente com os carrinhos plataformas que você viu no filme, no princípio foi carrinho de mão e carrinho de feira. Ao evoluir a participação comunitária, tivemos a necessidade de fazer a parceria com a Comcap e realizar a coleta motorizada, pois nos últimos meses, antes da parceria com a comcap, estávamos utilizando 3 carrinhos e fazíamos até 2 viagens com cada carrinho.

Qual a capacidade de produção das leiras? Se esse espaço é público? Tem cheiro? Você poderia estimar a capacidade de produção x local?

Iniciamos o projeto utilizando uma área de 50 m², mas chegou ao nosso limite, pois ocupamos todo o terreno. Há 1,5 anos estamos numa área de 500m² ocupada da COHAB. Na compostagem da UFSC utilizamos uma área de 1000m² para compostar 100 toneladas por mês. Nossas leiras iniciaram com 1,5 metros de largura e 2,0 metros de comprimento. hoje nossas leiras são de 1,5 metros de largura e até 12 ou 15 metros de comprimento.

Nós montamos uma leira por mês, esta leira fica recebendo os resíduos do mês. Quando ela chega aos 1,2 metros de altura paramos, acontece quase sempre em um mês, mas existem casos de durar uns 22 ou 25 dias. Depois deixamos esta leira parada. passando 02 meses é realizada uma revira desta leira e passam mais 01 ou 02 meses e está pronto o composto para utilizarmos. Tem cheiro sim, mas este cheiro é muito ameno, e para alguns até agradável! Existem tantos outros cheiros ruins e ninguém reclama!

Seria possível fazer um breve comentário sobre o início deste projeto? O objetivo desta pergunta é encontrar um ponto inicial para desenvolver um projeto de compostagem em minha comunidade.

O projeto Revolução dos Baldinhos surgiu em outubro de 2008 por causa de uma epidemia de ratos na comunidade, mortes aconteceram e muitos casos de crianças aparecerem mordidas no posto de saúde.
Além de fazer uma desratização, existia a necessidade de retirar a comida dos ratos, retirando o lixo das ruas; a ideia foi oferecer um baldinho para cada família e nesse baldinhos colocar os resíduos orgânicos e levar esses resíduos orgânicos para uma composteira comunitária. E assim foi feito. Com estes quase 4 anos de projeto, construímos uma metodologia, um modelo de gestão comunitária.

Para você iniciar na sua comunidade, você precisa ter um local para instalar o pátio de compostagem, precisa ter alguém que conheça a tecnologia de compostagem, precisa implantar os PEVs, precisa ter uma periodicidade de coleta dos PEVs e principalmente precisa constituir um grupo comunitário que vai nas famílias fazer a sensibilização, explicar como separar, onde depositar, decidir junto com as famílias os locais dos PEVs. Este mesmo grupo fará a coleta das bombonas dos PEVs periodicamente, fará a compostagem e será o motor do projeto.

Este grupo comunitário precisar ter uma orientação técnica por um período e depois ele pode caminhar sozinho, mas este grupo precisa ser da comunidade, ter relação com as famílias, se sentir importante para a transformação da sua comunidade, ser valorizado pelo trabalho que realiza e gostar do que está fazendo!!!  Estamos dispostos a colaborar!

Foi considerado como material compostável restos de animais. Como ficaria a contaminação de agentes patológicos pela utilização deste resíduo? As temperaturas atingidas pelas leiras são suficientes para eliminação?

Nas leiras de compostagem que acompanhamos - tanto na Revolução dos Baldinhos, quanto no SESC, UFSC e COMCAP - as temperaturas alcançam  70°C, por alguns dias,  e isto elimina todos os patógenos.

Nestas leiras podem ir restos de comida, carnes preparadas e podres, pequenos animais mortos e inclusive fezes de cachorros por exemplo, mas em pequena quantidade.

Estas leiras também poderiam compostar fezes humanas em proporções com restos de comidas, folhas e cascas. (dependendo da destinação e condições de uso. N.do E.)

"Você informou que os participantes da Revolução devem levar seu lixo orgânico para um Ponto de Entrega Voluntária; mas no filme no youtube há uma carreta de 4 rodas, conduzida pelos agentes do projeto, que passa pelas casas ""revolucionárias"" recolhendo o conteúdo dos baldinhios em umas oito (aparentemente) bombonas de plástico de 50 litros cada - um total de 400 litros / 200 kg sendo recolhido a cada viagem da equipe. É isso mesmo?

O Projeto Revolução dos Baldinhos conta hoje com a participação voluntária de 200 familias que destinam seus resíduos orgânicos ao Ponto de Engrega Voluntária (PEV) em baldinhos, pratos, panelas, potes e até mesmo em sacolinhas. Nos PEVs temos bombonas de 50 litros, com boca larga e tampa fácil de abrir e fechar. Estes PEVs ficam espalhados na comunidade, na frente das casas, encostados nos muros, nos postes, nas esquinas, etc.

Neste sistema, o carro coleta as bombonas cheias trocando-os por vazias. Depois as bombonas vazias vão para a compostagem, são viradas, lavadas e guardadas para a próxima coleta.  Todas as terças e sextas-feiras pela manhã passa uma Kia da COMCAP com uma das jovens do grupo da Revolução dos Baldinhos recolhendo estas bombonas. Hoje são 45 PEVs, em cada coleta temos  50-60 bombonas. Recolhemos aprox. 15 t/mês destas 200 familias e de 10 unidades escolares.

Por coleta tiramos meia sacolinha de outros resíduos como plasticos e embalagens, uma proporção muito pequena de misturas, graças à forte participação comunitária. Por isso é um modelo de gestão comunitária de resíduos. Há 1 ano  a coleta era realizada manualmente com os carrinhos plataformas que você viu no filme. No principio foi carrinho de mão e carrinho de feira.

Ao evoluir a participação  tivemos a necessidade de fazer a parceria com a Comcap para a coleta motorizada, pois nos últimos meses antes desta parceria utilizávamos 3 carrinhos e fazíamos até 2 viagens com cada carrinho. Cada carrinho que carrega até 12 bombonas,  deve ser conduzido por 2 pessoas. 

Quantas pessoas participam da viagem dela, ajudando a puxar/empurrar? Qual o peso médio recolhido a cada viagem? Quantas viagens são feitas por semana? Todas têm o mesmo trajeto (e a mesma agenda), ou há trajetos diferentes em agendas diferentes? Quantas casas são atendidas por viagem - até lotar a carreta?
Ainda usam essa carreta? Ou agora só existe a entrega nos PEVs? Apareceu uma picape no filme. A coleta e o transporte agora estão motorizados?

no incio do projeto fazíamos a coleta dos baldinhos nas casas também, de  baldinhos de 5 litros, baldinhos de 20 litros. Pegávamos os baldinhos e íamos despejando em bombonas que ficavam nos carrinhos.

Também havia PEVs. Hoje apenas coletamos de PEVs as famílias precisam levar até os PEVs, alguns PEVS atendem até 07 familías, outros atendem somente 01 ou 02 famílias. Tudo isso depende a articulaçào no local e da produção de resíduo. existem PEVs com uma bombona e outros com até 04 bombonas.

A rota da atual coleta motorizada atende todos os PEVs, mas só sào coletadas as bomobnas que estão mais da metade cheias, se estiverem menos da metade elas ficam para a próxima coleta.

Qual proporção entrre os resíduos recolhidos nas casas e os entregues em PEVs? Quantos PEVs existem? Ficam abertos recebendo resíduos o tempo todo ou eles têm um horário e uma supervisão?
Onde são compostadas as 15 toneladas por mês recolhidas pela Revolução? Qual a área necessária para lidar com 4 ou 5 leiras de composto, cada qual com cerca de 15 t? Quais as dimensões típicas de uma leira dessas?
Vocês já conseguiram que a prefeitura pague à Revolução o que economiza na coleta/transporte de 15 t por mês que vocês evitam ir para o aterro? 15 t X R$ 180 / t = R$ 2.400 por mês.

Iniciamos o projeto utilizando uma área de 50 m², mas chegou ao nosso limite, pois ocupamos todo o terreno. Há 1,5 anos estamos numa área de 500m² ocupada da COHAB. Na compostagem da UFSC utilizamos uma área de 1000m² para compostar 100 toneladas por mês.

Nossas leiras iniciaram com 1,5 metros de largura e 2,0 metros de comprimento. hoje nossas leiras são de 1,5 metros de largura e até 12 ou 15 metros de comprimento. Nós montamos um leira por mês, esta leira fica recebendo os resíduos do mês. Quando ela chega aos 1,2 metros de altura paramos, isto é quase sempre um mês, mas existem casos de durar uns 22 ou 25 dias. depois deixamos esta leira parada. passando 02 meses é realizada uma revira desta leira e passam mais 01 ou 02 meses e está pronto o composto para utilizarmos. 

Até hoje nào conseguimos com que a Prefeitura remunere o grupo pelo trabalho realizado de coleta e destino, mas este é o grande plano de sustentabilidade para o trabalho. esta também é a condiçào para ampliarmos o projeto na comunidade, pois atualmente atendemos 10% da comunidade e pedimos para as familias nao participarem mais, se fossem implantados mais 200 PEVs haveria a participação das familias com certeza.

Saiba muito mais sobre o Cepagro e a Revolução dos Baldinhos:

http://www.cepagro.org.br/news/23/54/
http://www.cepagro.org.br/news/39/54/Revolucao-dos-Baldinhos-fecha-o-ano-com-29-5-toneladas-de-residuos-reciclados/
http://www.cepagro.org.br/news/49/54/Balanco-de-18-meses-da-Revolucao-dos-Baldinhos-reune-dezenas-de-familias/
http://www.cepagro.org.br/news/44/54/Revolucao-dos-Baldinhos-compartilha-a-ciencia-da-Compostagem-em-eventos/
http://picasaweb.google.com/agriculturadegrupo/FeiraSustentavel2010OficinaTeoricaEPraticaDeCompostagem#
http://picasaweb.google.com/agriculturadegrupo/TerraMadreBrasil2010EncontroDoMovimentoSlowFood#

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